quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Picareta descerebrado descruza os dedos



De dedos cruzados.

Amigos, amigos, cá estou... de dedos cruzados.

Acho que às vezes me sinto de dedos cruzados diante dessa criatura chamada "blog".

O teclado à frente, a tela iluminada, aquele turbilhão todo de elétrons... e os dedos estão cruzados.

Mas, quem sabe, ficar de dedos cruzados seja algo que possa ter outras interpretações...

O melhor da ação, o melhor da prática, nosso modo de viver... Tudo pode ser pensado, calculado com as margens de erro consideradas. O plano sendo traçado, a expressão concentrada e os dedos cruzados, dando força, fazendo às vezes de um totem do bom pensamento.

E dedos estão próximos dos braços. E é com dedos cerrados que deferimos o soco cruzado. E quando a agressão não é covarde -- surgindo da legítima defesa, da indignação, da reação a uma coação arbitrária/autoritária -- esse cruzado é necessário.

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Quero dizer que este blog aqui, que agora adentro de dedo em riste (o verbo "penetrar" pegaria mal), tem o melhor sentido para "dedos cruzados": o daquela reunião salutar, preferencialmente regada com boa cerva, donde saltitam diálogos casuais.

Sim... diálogos casuais!

Diálogos parideiros, gerando pentelhinhas filhas: as polemiquetes.

Polêmicas! Pôlemicas!

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Caras... eu nem queria entrar nessa polêmica...

Anarquismo social X anarquismo ontológico.

Será que a gente pode resumir a pendenga nesses termos?

Será que devem ser necessariamente excludentes, dicotômicos, apartados?

No, no, no... pero... já vimos o filme da contracultura, das diversas "mortes da história", da proeminência do eu, da fragmentação das totalidades, das múltiplas identidades, do fim da luta de classes ("agora tudo é uma pá de identidades urbano-tribais numa aldeia global multiculturalista super pós, falou?" u-hu!)...

Não podemos ser ingênuos e não observar como o sistema se aproveita de linguagens para melhor absorver o setor radical da sociedade. E os movimentos dos anos 60 entregaram muito o ouro para o bandido.

Mas, como já disse o grande Castoriadis, a herança positiva desses movimentos pulsa ainda hoje. As iluminações de Bey são pertinentes. Seu conceito TAZ é bem adequado ao atual quadro de extremo controle e vigilância.

Além disso, não podemos e não devemos abandonar a trilha de contestação ao primado da cega razão, da ciência, da cosmovisão ocidental etc, etc. Portas abertas a outros saberes, percepções, iluminações, intuições.

Contudo, a iconoclastia irracionalista não deve ser generalizada, exagerada. Pois, ora raios!, estamos discutindo tudo isso racionalmente, não é mesmo? Ou estou errado?

Muitos acabam tendo... razão (olha ela de novo!) quando insistem em enfatizar o adjetivo "social", que marca o que há de melhor no anarquismo. Se não houvesse aquele revolucionarismo de butique, aquele engajamento ao nível estético, existencial, apenas, eu disse "apenas", com um forte pezão num individualismo pequeno-burguês... se não houvesse isso até poderíamos não reforçar o termo "social", que para mim é a razão (de novo!) de ser do anarquismo.

Penso que há todo momento devam existir Bookchins e Beys, uns para lembrar aos outros que os extremos devem ser evitados. Não existe indivíduo fora da sociedade, não existe indivíduo sem história.

Da mesma forma não há revolução social sem a simultânea e necessária revolução individual, moral, comportamental... e coisa e tal.

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Peço desculpas pela superficialidade dessas observações fast-food. Falta-me inclusive um embasamento maior na leitura desses autores.

Confesso a minha picaretagem ao adentrar nessa questão, pois li tudo de rabo de ôio, de soslaio, captando aqui e ali alguma coisa voadora.

No final das contas, muito do que foi dito eu teria dito, com outras palavras.

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Putz... que comentário picareta!


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Mas uma coisa me soou muito bem, algo dito pelo Fernando: "Ainda há vida por entre Bey e Bookchyn, no meio, intermezzo."

E é nesse meio, nessa "racha" que eu vou. Digerindo Bookchin, Bey, Bakunin... cuspindo algum rearranjo que seja diferente desses caras, mas com alguma coisa em comum.

Contudo, porém, entretanto... inclino-me ao balanço indivíduo/sociedade num vai-e-vem sempre tenso, aberto, por construir, nas esburacadas vielas do devir... Mas se não sinto o que Durden falou, ou seja, aquele investimento na "questão coletiva a partir de experiências concretas"...

Opa! "Anarco-pop" por si só é coisa vazia demais!

E Guerra, com a combatividade verborrágica que lhe é peculiar, dá o arremate necessário, por meio de uma pergunta à queima-roupa:

"Mas ambos os enfoques, quando tornados unilaterais, ignoram, talvez, o questionamento anterior: a forma da subjetividade (a forma de gerir o subjetivo e de se relacionar com o subjetivo) e a forma da sociedade (a estrutura da organização das relações sociais) existem como coisas separadas, distintas, ou formam uma estrutura só (já sem a ladainha da "infra-estrutura" e "super-estrutura")??"

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Urru!

Como o ciborgue RanXerox, desligo meu cérebro e cruzo meus dedos por enquanto... Amanhã, quem sabe, reinicio a caixola pra pensar um pouco mais sobre tudo isso.

Clic!

Bzzzzzzzzzz....bzzzzzzzzz.... bzzzzzzzzzzzzz....

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2 comentários:

Mr. Durden Poulain disse...

Bom texto de abertura! Já entrou no ringue gingando! rs

Benvenido João!

Fernando Beserra disse...

Grande João, bem vindo ao estranho mundo dos diálogos casuais, huahua. Afinal, tem coisa mais esquisita do que o própria casualidade?