De dedos cruzados.
Amigos, amigos, cá estou... de dedos cruzados.
Acho que às vezes me sinto de dedos cruzados diante dessa criatura chamada "blog".
O teclado à frente, a tela iluminada, aquele turbilhão todo de elétrons... e os dedos estão cruzados.
Mas, quem sabe, ficar de dedos cruzados seja algo que possa ter outras interpretações...
O melhor da ação, o melhor da prática, nosso modo de viver... Tudo pode ser pensado, calculado com as margens de erro consideradas. O plano sendo traçado, a expressão concentrada e os dedos cruzados, dando força, fazendo às vezes de um totem do bom pensamento.
E dedos estão próximos dos braços. E é com dedos cerrados que deferimos o soco cruzado. E quando a agressão não é covarde -- surgindo da legítima defesa, da indignação, da reação a uma coação arbitrária/autoritária -- esse cruzado é necessário.
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Quero dizer que este blog aqui, que agora adentro de dedo em riste (o verbo "penetrar" pegaria mal), tem o melhor sentido para "dedos cruzados": o daquela reunião salutar, preferencialmente regada com boa cerva, donde saltitam diálogos casuais.
Sim... diálogos casuais!
Diálogos parideiros, gerando pentelhinhas filhas: as polemiquetes.
Polêmicas! Pôlemicas!
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Caras... eu nem queria entrar nessa polêmica...
Anarquismo social X anarquismo ontológico.
Será que a gente pode resumir a pendenga nesses termos?
Será que devem ser necessariamente excludentes, dicotômicos, apartados?
No, no, no... pero... já vimos o filme da contracultura, das diversas "mortes da história", da proeminência do eu, da fragmentação das totalidades, das múltiplas identidades, do fim da luta de classes ("agora tudo é uma pá de identidades urbano-tribais numa aldeia global multiculturalista super pós, falou?" u-hu!)...
Não podemos ser ingênuos e não observar como o sistema se aproveita de linguagens para melhor absorver o setor radical da sociedade. E os movimentos dos anos 60 entregaram muito o ouro para o bandido.
Mas, como já disse o grande Castoriadis, a herança positiva desses movimentos pulsa ainda hoje. As iluminações de Bey são pertinentes. Seu conceito TAZ é bem adequado ao atual quadro de extremo controle e vigilância.
Além disso, não podemos e não devemos abandonar a trilha de contestação ao primado da cega razão, da ciência, da cosmovisão ocidental etc, etc. Portas abertas a outros saberes, percepções, iluminações, intuições.
Contudo, a iconoclastia irracionalista não deve ser generalizada, exagerada. Pois, ora raios!, estamos discutindo tudo isso racionalmente, não é mesmo? Ou estou errado?
Muitos acabam tendo... razão (olha ela de novo!) quando insistem em enfatizar o adjetivo "social", que marca o que há de melhor no anarquismo. Se não houvesse aquele revolucionarismo de butique, aquele engajamento ao nível estético, existencial, apenas, eu disse "apenas", com um forte pezão num individualismo pequeno-burguês... se não houvesse isso até poderíamos não reforçar o termo "social", que para mim é a razão (de novo!) de ser do anarquismo.
Penso que há todo momento devam existir Bookchins e Beys, uns para lembrar aos outros que os extremos devem ser evitados. Não existe indivíduo fora da sociedade, não existe indivíduo sem história.
Da mesma forma não há revolução social sem a simultânea e necessária revolução individual, moral, comportamental... e coisa e tal.
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Peço desculpas pela superficialidade dessas observações fast-food. Falta-me inclusive um embasamento maior na leitura desses autores.
Confesso a minha picaretagem ao adentrar nessa questão, pois li tudo de rabo de ôio, de soslaio, captando aqui e ali alguma coisa voadora.
No final das contas, muito do que foi dito eu teria dito, com outras palavras.
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Putz... que comentário picareta!
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Mas uma coisa me soou muito bem, algo dito pelo Fernando: "Ainda há vida por entre Bey e Bookchyn, no meio, intermezzo."
E é nesse meio, nessa "racha" que eu vou. Digerindo Bookchin, Bey, Bakunin... cuspindo algum rearranjo que seja diferente desses caras, mas com alguma coisa em comum.
Contudo, porém, entretanto... inclino-me ao balanço indivíduo/sociedade num vai-e-vem sempre tenso, aberto, por construir, nas esburacadas vielas do devir... Mas se não sinto o que Durden falou, ou seja, aquele investimento na "questão coletiva a partir de experiências concretas"...
Opa! "Anarco-pop" por si só é coisa vazia demais!
E Guerra, com a combatividade verborrágica que lhe é peculiar, dá o arremate necessário, por meio de uma pergunta à queima-roupa:
"Mas ambos os enfoques, quando tornados unilaterais, ignoram, talvez, o questionamento anterior: a forma da subjetividade (a forma de gerir o subjetivo e de se relacionar com o subjetivo) e a forma da sociedade (a estrutura da organização das relações sociais) existem como coisas separadas, distintas, ou formam uma estrutura só (já sem a ladainha da "infra-estrutura" e "super-estrutura")??"
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Urru!
Como o ciborgue RanXerox, desligo meu cérebro e cruzo meus dedos por enquanto... Amanhã, quem sabe, reinicio a caixola pra pensar um pouco mais sobre tudo isso.
Clic!
Bzzzzzzzzzz....bzzzzzzzzz.... bzzzzzzzzzzzzz....
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