De como era tudo opressivo. Como lamentávamos. O governo, os impostos, o aumento da passagem, da saúde, da educação, mas nada fazíamos. Apertávamos alguns botões e voilá, esperávamos sentados com nossos corpos passivos e conformados pela TV, pelos telejornais, pela notícia fresquinha e enlatada do final de semana, alguma mudança ocorrer. Reclamávamos em filas de banco, em salas de consultório clínico-dentário, em coletivos apertados e estações de trem decadentes, abandonadas. Eram espasmos na maioria das vezes, funcionavam como catarses aleatórias que serviam bem ao propósito de extravasar raiva acumulada, equilibrar o corpo numa homeostase política covarde que inclinava-se sempre por soluções imediatas, fórmulas prontas, resoluções fast-foods como a sociedade de consumo nos ensinou: caveirão, ditadura militar, fuzilamento em praças públicas, presidente ex-operário, isto sim iria funcionar.
Pedíamos por favor em um tom de voz baixo e lamurioso. Clamávamos por alguém que pegasse em nossas rédeas, por que foi assim que o aparato educacional resolveu nos criar. Nossa autonomia era um esboço. Nossa reação um suspiro. Você só segue ordens. Está fazendo seu trabalho. Estou fazendo meu trabalho. Queimamos pessoas assim em Auschwitz, matamos estudantes no México em 68 repetindo jargões. Nos silenciamos no Chile em nome da ordem e dos bons costumes. Fechamos os olhos sobre o apartheid na África do Sul, por que afinal, "não era nosso problema".
Tenho mais o que fazer. Sou uma pessoa ocupada. Isto inclui ignorar, naturalizar, consumir. Reclamar, só nas horas certas, nas que me permitem.
Isto inclui fechar os olhos. Cerrá-los. Inclui apagar um pouco da minha, da nossa humanidade em troca da rotina e de seu condicionamento fascista. Pão e circo. Pão e circo para o povo. Pan e circo para o povo. Panegírico para o povo, e para o novo, por que um dia o novo virá.
Pedíamos por favor em um tom de voz baixo e lamurioso. Clamávamos por alguém que pegasse em nossas rédeas, por que foi assim que o aparato educacional resolveu nos criar. Nossa autonomia era um esboço. Nossa reação um suspiro. Você só segue ordens. Está fazendo seu trabalho. Estou fazendo meu trabalho. Queimamos pessoas assim em Auschwitz, matamos estudantes no México em 68 repetindo jargões. Nos silenciamos no Chile em nome da ordem e dos bons costumes. Fechamos os olhos sobre o apartheid na África do Sul, por que afinal, "não era nosso problema".
Tenho mais o que fazer. Sou uma pessoa ocupada. Isto inclui ignorar, naturalizar, consumir. Reclamar, só nas horas certas, nas que me permitem.
Isto inclui fechar os olhos. Cerrá-los. Inclui apagar um pouco da minha, da nossa humanidade em troca da rotina e de seu condicionamento fascista. Pão e circo. Pão e circo para o povo. Pan e circo para o povo. Panegírico para o povo, e para o novo, por que um dia o novo virá.
Um comentário:
inspirado como sempre, caro Durden!
e o "nós" que passeia por todo texto é o tapa na cara para nos lembrarmos de que somos todos responsáveis, somos dentes estúpidos dessa máquina de alienação.
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