segunda-feira, 11 de junho de 2007

Fio de Palavras.


Este é meu primeiro post neste blog, vou tecer certas palavras, pegando o fio do amigo Guerra. Vou tentar jogar entre dois pólos, um em homenagem ao Guerra, homenagearei o conflito (a guerra), flexiono minha fala com James Hillman: “Acredito na minha raiva. É o meu demônio favorito. Ficar bravo e escrever caminham juntos”. Mas a vida não é tão guerreira, nem quero ser tão herói, heróis correm sempre o risco de se tornarem autocráticos, evitando a relação com os outros através da força e da macheza. Posso tentar levantar minha bandeira de herói de maneira um pouco mais feminina, rosa-pink, seguir os caminhos marxianos levantados em citações. Explico o feminino que falo, falo de Eros que é um princípio de comunhão, da Sizígia, do Coniunctio. Eros é um princípio erótico, mas também uma energia, uma ligação que se dá através de suas flechas. Claro, o Eros ocidental é aquele da Falta, infantil, que Freud tanto pontua, o Eros que nos faria mover, pois vive insatisfeito numa “carência em busca de uma plenitude. Um sujeito em busca de objeto”. Em busca do paraíso perdido.


Resgatemos o amor, o sexo, o prazer, mas pra que este prazer incompleto, este prazer da Falta? Resgatemos o Eros indiano, Kãma-Deva que é um jovem brilhante e habilidoso. Lembremos do Kama Sutra indiano, onde há valor no sexo e no amor. Tendo o amor como caminho de re-união podemos considerá-lo co-responsável pela construção de nossa estrada, ligar sujeito e objeto, ligar dominantes e dominados, ligar o céu ao inferno (casamento do céu e do inferno). Que seja com uma festa pagã, regada a vinho e ao sexo de Dionísio, com a totalidade de Pã (ligando também Narciso a Eco).


Qual o outro pólo do que falamos que iríamos fiar, para não ficarmos tão chatos e irritantes? É a comédia, o riso, o princípio que desmobiliza, sair do tédio é correr aventurosamente, levantar as bandeiras, mesmo que do Kaos. Afinal, "Quem segue o caminho seguro, está tão bem quanto quem está morto!”. Desterritorializar é sair de si, abrir caminhos. Abrir caminhos talvez seja a tal putridez, esfacelar o caminho dado, com podreira, na lama da imanência.


Segundo Karen Horney o poder é o determinante do grupo oposto aos “normais”, isto é, dos neuróticos. Falamos de poder para falar de podridão. O poder se amplia e como um rizoma e toma conta do sujeito-assujeitado pela própria tragédia, transformando tudo em ouro, tudo perde seu valor, é como dizia Lord Byron "O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente". O capitalismo é a era da desvalorização. No entanto, eliminar o poder de nossas vidas é tão prejudicial como aceitá-lo incondicionalmente, de maneira infantil. É preciso trasmutar o poder, para que ele não seja obsessão, para que ele deixe de ser algo que nos consome. O melhor poder é aquele que não é poder-sobre, isto é, o melhor poder é a própria potencia, é a capacidade de mutação, de ser possibilidade. Dessa forma, vamos transformar esta página num carnaval multi-colorido, cheio de máscaras, ser vários, estar animais, deuses ou dríades. Libertem as Ninfas do bosque para que dancem ao ar livre.


Talvez dessa maneira possamos ver nossas teorias e pontos de vista como fantasias, fantasias que tem um fundo histórico, cultural, social, individual, mas também coletivo, ahistórico, asocial. Essa é a forma de criar fluidez que não é nem a ausência de movimento, nem a ausência de paralisação. O movimento puro é a ausência de movimento.


Nademos, pois, em correntes libertárias, pois nada é tão contagiante como a liberdade, já dizia Roberto Freire. Afinal, nademos em putrefatas lamas, pois é aí que se encontra a salvação. A polêmica, faço contra-posição a guerra (ou eco ao Guerra), deixo a meus companheiros. ;P

Um comentário:

Hedra disse...

Eu gostei disso, principalmente da bandeira rosa-pink. Há um quê de libertário, um quê de revolucionário, um quê de prazer!

Beijos