Pútrido é o que se esfacela com o tempo. As palavras e seus derivados, os livros, jornais, revistas etc, são das coisas menos putreficazes (com o perdão da palavra) que existem. A humanidade criou tais coisas com a função de registrar, comunicar... de deixar sua marca, seja onde estiver localizada no fluxo do tempo-espaço. O passado comunica ao futuro. Putreficante (?), porém, é o sentido das palavras. A comunicação em geral, a fala, as palavras... também têm história. As palavras não só sofrem transformações, evoluem, se perdem e se recriam, como modificam-se os seus significados perante o tempo e suas revoluções. A palavra trabalho não poderia ter o mesmo significado social e moral no século XIV, durante a Idade Média, por exemplo. (riso interno)
A qual a função da palavra numa sociedade autoritária? O que ocultam as palavras? Que formas de traição da humanidade à si mesma é capaz, a palavra, de escamotear? As palavras não podem ter função "neutra". Elas carregam conceitos, conceitos estes construídos segundo uma certa visão de mundo. Visão de mundo esta que, segundo o marxismo clássico, é a visão da classe dominante. Mais além disso, as palavras... ou melhor, os nossos "conceitos de mundo", por assim dizer, são os conceitos de uma vida fetichizada, congelada em cada ato de relacionamento social, deturpada. Num "mundo realmente invertido", as palavras expressam também a prática corrente da separação sujeito-objeto (será?). São "palavras cativas". A comunicação, porém, extingue-se cada vez mais (no mesmo decorrer da extinção da comunidade). Torna-se atributo exclusivo do marketing e da propaganda política ou empresarial (nas ruas, em casa... "everywhere!"). É moldada, enfim, segundo as exigências de produtividade do Capital. Onde há comunicação, porém, não há Estado - assim nos lembra Debord. O Estado é a peça-chave na unificação das partes separadas. O banimento da vida comunitária para um âmbito superior e abstrato. E assim caminha a humanidade...
A polémica deixo para meus companheiros de blog hehe!
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Um comentário:
Para um começo está genial. Somos a escola de Isabel-furt.
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