Estava pensando sobre este blog, sobre sua dinâmica, sobre como ele atua, especialmente em sua interioridade. Pensava sobre os posts, sobre a organização teórica e prática das pessoas que aqui se manifestam. É engraçado, os posts realmente parecem ser polimorfos, assuntos variados, formas variadas de escrita, até mesmo pensamentos diversos, entretanto, existe um nexo comum, eu diria até mesmo um desejo de estar-com.
Não sei se é exatamente dessa forma, uma comunidade de escritores, ou pseudo escritores. Não sei se posso chamar assim, mas me parece algo parecido. Não tanto uma escola, como brincamos uma vez, a escola de Isabelfurt: mais uma comunidade. Escolas normalmente exigem uma espécie de institucionalização: formação, instrução, e, normalmente, hierarquia. Não também uma comunidade qualquer, mas algo como um carnaval, como disse num antigo posto do blog. Certo é que esta fantasia carnavalesca é de todo minha, alguns talvez sejam mais sérios que eu, não que eu ache que ver tudo isso como fantasia carnavalesca não seja sério: ao contrário, é bem sério. Talvez uma palavra melhor que carnaval seja politeísmo.
É comum vermos dissidências neste espaço: remeto os leitores, p.ex., a longa discussão sobre H.Bey e Booktchin, e também mesmo a toda discussão atual sobre luta de classes, a qual preferi mani-festar-me apenas através de comentários. Flashes rápidos e leitores desatentos podem enganar-se ao ler este blog, isso pode ser visto mesmo no último post sobre luta de classes. Quando falo em meu comentário: “A luta de classes não existe” este é um enunciado de choque, da mesma forma que pode chocar a um militante de esquerda quando o Guerra critica da maneira tão aberta aspectos da luta de classes. De outro lado, quando o Mr.Durden se refere a capacidade política dos cidadãos a luz do anarquismo no seu post retoma a positividade das potencias políticas, vê as coisas através de um aspecto mais positivo, de um sentido mais próximo ao anarquismo histórico e organizado, ai, talvez, possa afastar pessoas interessadas apenas em diversão, pós-modernos e afins, aliás, não sou poucas as porradas neste grupo.
Alguns integrantes do blog, dentre os quais me incluo, estão organizando agora um pequeno jornal, chamado Colapso. Acho que o caminho deste jornal não tem como ser diferente. A pergunta persiste: por que se deveria ter atenção ao ler este blog, ao ler o futuro Colapso? Talvez porque é possível observar apenas as divergências e não ver o nexo comum que os autores aqui compartilham, ou, as vezes, tentam desesperadamente compartilhar. Nosso blog me parece estar entre uma linha de fogo, é possível que seja esse o preço pago por não se estar “nem aqui nem lá”. Por um lado sofremos criticas de nossa modernidade, estamos caducos, somos Senex (velhos), tradicionais, clássicos, ranzinzas: queremos salvar a luta de classes, salvar o comunismo (mesmo que o anarco-comunismo), queremos salvar o ideal revolucionário. Por outro, somos os pós-modernos, sob a sombra do Puer Aeternus (eterno adolescente). Estamos na linha de frente de um pensamento esquizofrênico, ou, pelo menos, esquizofreniforme, que perde suas raízes com as massas, um pensamentinho intelectualoide e bestoide, divertidinho, louco, que não tem nexo com a suposta realidade. Me parece que o blog, entendido como entidade, toca ambos os pontos sem se fixar em nenhum. Não me entendam mal, não existe aqui apenas um mito de unificação, mas também um Thanatos, um desejo ardente de separação...
Não quero ficar aqui como apologético, nem como crítico, mas devo ressaltar que em muito me agrada não apenas o caráter anti-autoritário, anti-estatal, revolucionário do blog, um caminho que não se limita a um aspecto econômico, social, mitológico, epistemológico, mas também sua estrada múltipla, de bifurcações das mais inusitadas, inesperadas, intempestivas, todo seu colorido anti-monoteista, que procura re-visar – como uma midrash judaica - as mais diversas frontes, nem que seja colocando uma nova vírgula onde havia um ponto final.
A este post, um tanto estranho, espero que sirva para abrir discussões sobre a própria dinâmica do blog, como um olhar no espelho, um olhar rápido, não aquele que se prende ao espelho, não um Narciso. Que ecoe, mas não como uma Eco. Acredito que o blog está em luta ainda, cria alguma luta, e fornece óculos e armas as mais variadas a diferentes estilos de atitude, luta, transformação. Seja numa organização, seja no próprio cotidiano: na faculdade, no trabalho, no estágio, na relação com o vizinho.
O post também não deixa de ser uma pergunta aos supostos leitores do blog, digo supostos porque não sei se de fato se este blog tem leitores, rs. Talvez a sua estranha interface ajude nesta des-leitorização... Sem um tema específico, sem um estilo de linguagem único, sem um Deus único aceito incondicionalmente... A pergunta fica: como vocês vêem isso tudo? Toda essa bagunça organizada? Como criar interfaces significativas para o novo milênio? Como, para que, e onde trans-formar – o mundo, as relações, o blog?
31 comentários:
Interessante. Só que temos que estar atentos: essas divergências podem esconder uma profunda ideologia dissimulada e dissimulante, um discurso comum e uniforme que se esconde por detrás de um desejo profundo de diferenciação.
Se existissem reais diferenças, esse blog não guardaria certo discurso epistemologizante, comum desde a fundação deste veículo. Além disso, confrontos entre cristãos e ateus, monistas e dualistas, capitalistas e comunistas defiriam reais divergências, inclusive epistemológicas.
Ordem e desordem, unidade e diversidade, imanente e transcedente etc. são entes definidos a partir da relações mesmas que as mantém únicas e ao mesmo tempo separadas. Devemos pensar a existência como fruto de outras relações, que escapam a idéias que se pensam diferentes mais que são pautadas na oposição mesma com o seu contrário. Quem vive por oposição ao capitalismo, é definido por ele. Quem vive por oposição a ordem, é pautada por ela.
A vida não é contradição, pois contradição é lógica.
Pessoalmente tento pensar o que intitulo de absurdo.
Para ficar melhor definido:
A vida não é contradição, pois a vida não é "logicamente contraditória".
Gostaria de dizer minha impressão do blog. Creio que o nome "diálogos casuais" é muito adequado, pois se trata de um conjunto de indivíduos, cada um com sua própria vida e suas próprias idéias, que convergem num determinado momento para trocar idéias, sempre tendo em vista o nexo comum que nos une: a oposição ao autoritarismo, ao Estado e ao capitalismo. Sim, somos amigos também, mas antes disso somos combatentes, velados ou manifestos, e foi o tema do anarquismo que nos uniu num primeiro momento. O blog se caracteriza por uma certa "interdisciplinaridade" (característica marcante da Escola de Frankfurt...rs), não só no sentido de que atuamos em diferentes áreas (História, Psicologia, Sociologia...), como pelo fato de que temos perspectivas diferentes, advindas de experiências diferenciadas, e mais, nossos diálogos não se caracterizam pelo unilateralismo, mas pela multiplicidade de questões. É aí que fazemos a diferença, acho.
Então, é mais ou menos assim que eu interpreto: o blog é um local de encontro, ou melhor, a representação desta convergência entre diferentes elos de um mesmo movimento de transformação. Nessa riqueza de pontos de vista e de formas de atuação, o blog consegue disponibilizar múltiplas ferramentas de ataque, para os diferentes níveis de enfratamento.
E não falo necessariamente de um enfrentamento aberto, "armado" (isso é a maior viagem), mas sim da luta cotidiana, do enfatizar e viver valores outros que não os da competição, do lucro e da dominação. Estejamos onde estivermos, seja na faculdade, no estágio ou em um movimento organizado, o importante é que estejamos engajados conscientemente em algum tipo de transformação, intersticial sempre, pois o movimento anticapitalista é um "continuum", um "fluxo" - a ocupação de uma fábrica de tecidos na Argentina encontra seu eco num ato de camaradagem no Rio de Janeiro. É mais ou menos por aí que vejo.
E não nos enganemos: as teorizações que ocorrem aqui não são meras teorizações. São, em última instância, ferramentas da prática. O que não significa que devemos submeter a teoria à prática - o que, segundo Adorno, implica rapidamente numa censura do pensamento. Se, por um lado, a "Sociedade Civil" está bem distante de qualquer ação e consciência revolucionária - e aqui incluo os movimentos sociais -, é o campo da teoria que vai permitir visualizar mais além da luta pelas necessidades, necessária mas não suficiente. Boa iniciativa a do post.
A. Guerra, acho interessante debatermos essa sua perspectiva.
Entender as coisas como um "fluxo", um "continnum", no meu entender, não passa de mais uma epistemologia furada, de mais uma prisão para a consciência e o movimento libertário, assim como as que defendem rupturas radicais entre as coisas.
Ela é muito envolvente e de fácil assimilação por conta da globalização, mais justifica um espécie difusa de governo e intervenção mundial e prepara o caminho para uma crença biônica, que cairá como uma luva para os que desejam controlar as coisas para além de fronteiras nacionais, de indentidades culturais e de ordens jurídicas diversas.
Essa interdisciplinaridade também é perigosa, pois ela pode parecer lógica e coerente quando todas as mais diversas disciplinas terem a mesma estrurura epistemológica, dando-nos a impressão de não haver rupturas e necessidade de qualquer tipo de especialização, coisa "cartesiana". Aliás, quem estudar os grandes holistas, verá que uma perspectiva em fluco acaba criando novas separações, em outras esferas tão importantes para a existência como aquelas definidas como indivíduo X sociedade, por exemplo.
O positivismo, o holismo e o historicismo se completam.
Capítalismo e comunismo são farinha do mesmo saco, sua luta adversária só alimenta, no meu entender, aquilo que as subjaz (a relação que as define e que convive muito bem em qualquer país que sejam mutuamente ou individualmente testadas) e que as mantém eternamente indissociáveis (sempre, para o bem daquilo que as promove, precisando existir, na cabeça dos que estão nela assentados, um boa e outra má, pois é assim mesmo que ambas sobrevivem).
O comunismo, no meu enteder, nunca passará de um possibilidade lógica de superação do capitalismo dentro daquela relação que as mantém conjuntamente. O problema é que existem outras relações, que não guardam necessidades semelhantes)
Fábio, me parece qe você está um pouco atrelado a questão do dualismo e da dialética hegeliana... usei palavras no blog como carnaval e politeismo, é importante lembrar que o politeismo, p.ex., não é uma antítese do monismo, esta seria o dualismo (ou maniqueismo) que você tanto postula.
Não se trata de ver o "outro" como mal em contraposição de um "bem". A questão não é essa. Mas existem problemáticas que devem ser evidenciadas e combatidas e é assim que se justifica o enfrentamento contra o capitalismo. Não só na esfera economica-social, mas essa é uma parte muito importante, visto os maleficios que resulta para diversas pessoas e para o mundo como um todo (ex: destruição do planeta pela poluição, desmatamento, etc)..
Claro que tem questões do discurso cartesiano que contribuem para uma cosmovisão (weltanschauung) que facilite essa destruição: p.ex., ver o mundo como coisa morta, res extensa, ver os animais sem alma, etc.. são fatores que se não determinam, contribuem para a destruição ambiental (ou ao menos para a permissividade que é dada para esses atos)... mas tb vemos a mesma coisa na visão cristã, não é?
Sobre a interdisciplinaridade, ela é diferente da transdisciplinaridade, que também tem noções diferenciadas. A idéia de transdisciplinaridade do Piaget que pode sim dar esse medo que você expõe. A pretenção de um modelo único. As idéias transdisciplinares posteriores, ao contrário, vão é desfazer o objeto, entendendo-o como construção e não algo que deve ser des-coberto. Essa noção de des-coberta ainda permanece na interdisciplinaridade. Ao menos em sua maior parte.
Mas acredito que esta visão facilita bastante o trabalho de alguns profissionais e, outra coisa, na interdisciplinaridade as fronteiras, embora cambaleantes, são mantidas entre os saberes. Por isso tenho achado até mais interessante a interdisciplinaridade do que a transdisciplinaridade (que é mais usada, aliás, pelos esquizoanalistas - de Deleuze, Guatarri..).
Por outro lado, acho que a crítica a especialização é uma crítica muito lucida e realmente o fechar-se na especialização é uma problemática muito grande no capitalismo atual, e é o que muitas vezes afasta uma massa gigantesca de pessoas de qualquer pensamento crítico. (não apenas, mas aliena diversas relações no trabalho - ou, como preferirem - na poesis).
Fernando. (não re-li, então perdoem os erros)
ah sim, faltaram duas questões: A) a questão do fluxo.. acho que você tem certa razão, e isso fica mais evidente se vermos o aumento quantitativo da depressão.. não será a depressão uma resposta ao aceleramento de tudo? Digo, a essa sociedade maniaca na qual vivemos? Mas não se trata de acelerar as coisas, ou colocar virgula em tudo, mas abrir certas virgulas que eram tidas como pontos finais por uma intenção que pode, e parece interessante - ao menos para mim - por em questão..
E sobre a questão da epistemologia, sou só eu que fico enchendo o saco com isso...
=P
- O esforço é para compreender o movimento anticapitalista como um fluxo, e não "as coisas" em geral. Significa reconhecer outras formas de resistência e luta para além da organização formal, des-hierarquizar as formas de atividade, entender que a luta é solidária independentemente do modo como ela é conduzida (o "eco" de que falei). Não tem nada a ver com dinâmica.
- Pela milésima vez vou tentar explicar: o comunismo de que falo não é aquele comunismo de Estado dos países socialistas, ou sociedades do poder espetacular concentrado, como diria Debord. Este, realmente, sempre foi um adversário do capitalismo dentro de seus próprios critérios (crescimento econômico, percentuais de produção, armamento bélico-nuclear, eficiência etc). Uma espécie de "imagem da revolução", algo que existe para aliciar os pobres em torno do próprio poder. O comunismo ao qual me refiro é o da ruptura com a ontologia do poder e do capital - neste sentido, muito mais próximo das experiências libertárias, vide a Comuna de Paris, a Revolução Espanhola, Makhnovitchina etc. Não se trata de reivindicar uma melhor "eficiência" econômica, mas de buscar novas formas de relação social para além dos pressupostos da modernidade (dinheiro, mercado, Estado, trabalho, valor, propriedade, nação), para além do poder-sobre. Não se trata de mera transposição - o comunismo libertário é um anti-sistema. Também não se trata de reconhecer o capitalismo como um "mal", mas de entender a sua dinâmica e de avaliar a sua insustentabilidade. O sistema atinge seu limite explosivo na crise ambiental e social e dentro de sua própria lógica (a crise financeira que aí está não me deixa mentir).
Bom, é muita coisa pra debater. Ótimo!
Vou expor minhas considerações num texto futuro, e disponibilizá-lo no meu blog.
Peço para que possíveis críticas continuem a serem postadas aqui.
Mas antes de qualquer coisa, Fernandor e A.guerra, posso adiantar que o poli[teísmo] - no meu entender - sofre de problemas semelhantes ao que passam a trans[disciplinaridade] e a inter[disciplinaridade], só que no seu caso, com o PLURI[teísmo].
O DUAL, e ao contrário do que é convencionalmente entendido, não é o simples contrário do MONO. Aliás, o monísmo é, ou tende ser, DUAL no seu mais íntimo devenir.
Para alguns filósofos, caso possamos falar de contrários (e por que não? Afinal, não estamos presos numa jaula), seria mais coerente pensar o MONO justamente como o contrário do POLI, e não do DUO (ou DUAL).
Tanto o dualismo, como o monismo - ou ainda o politeísmo, ou as explicações e conseqüências espitêmico-sociais trazidas pelas trindades religiosas (crista, hinduísta etc.) - são estruturas que podem muito bem ser impostas.
O anarquismo, vejam bem, não pode ser POLI, MONO ou DUAL, pois ele permite que existam crenças, concepções filosóficas, formas de organização social etc., assentadas nas mais diversas formas de se pensar a realidade social e individual, pois ela é, ou se diz, libertária. Essa característica mesma define, no meu entender, o "ismo" de que se trata o "anarquismo"
Sendo assim, o problema, se é que estou sendo claro, é de "outra ordem" (ordem, aqui - e que fique claro -, num sentido que nada deve a implicações relacionais-ordenativas).
Quando a "fluxo", ora! se entendermos as lutas libertárias regionais como inspiradas pelos mais nobres desejos humanos, em quaisquer países ou sobre os mais diversos aspectos diferenciadores, ótimo! O problema é ser simples resposta sistêmica, reproduzindo, nos mais diversos locais e sobre as mais diversas caracteríticas, um mesmo sistema de idéias fixas, sejam elas MONO, DUAL, TRINO, POLI ou qualquer outra que a criatividade humana possa ter pensando.
Então vem a questão: Poderíamos estar "reproduzindo" o anarquismo (matando tradições e formas diversas com essa invenção e tradição ocidental)? Na minha opinião SIM e NÃO.
Não - e como disse no comentário acima - por que o "ísmo" de que trata o anarquismo, ou seja, a unidade que a define e ao mesmo tempo a diferencia de outras formas de se pensar social, existencial e politicamente a realidade, inspira-se justamente na contramão (na falta de uma palavra melhor vai essa mesma - afinal, o anarquismo não pode ser o simples contrário do que ai está) de uma uniformidade, que absorve as diferenciações como oriundas de tudo aquilo que ela é como sistema.
Ou seja, como se tudo aquilo que, ao mesmo tempo que diferencia e aproxima as mais diversas coisas, fossem oriundas de um único e tão somente sistema de coisas. Como se tudo aquilo que eu sou, naquilo que eu guardo de comume singular, fosse fruto de uma unidade de onde parte todas as coisas, e não de uma relção entre as coisas.
Nossa, o SIM fica pra outra hora.
Fábio. Tudo bem, mas no lugar dos "paradigmas", o que você sugere? O "anarquismo epistemológico" também não acaba sendo um paradigma? Não acaba sendo um paradigma que pressupõe a liberdade de paradigmas? Nesse sentido ele também é bastente unificador (pretenção de conter em si)... o politeismo é similar, nesse sentido, permitindo uma multiplicidade..
- Sim, é verdade que o monismo tende a ser dual, mas nem sempre. P.ex., na religião, se aceitarmos a idéia de um Deus como Iavé, temos um Deus que engloba em si o mal e o bem, algo muito mais próximo da natureza: além do bem e do mal. Entretanto, se pegarmos o Deus do novo testamento, é inevitável o dualismo (e todo poder do diabo), porque o mal fica renegado a uma sombra. E essa sombra continua agindo, se agitando, aumentando.
- Qualquer estrutura pode ser imposta, até mesmo a estrutura que permite todas as estruturas..
você diz:
"O anarquismo, vejam bem, não pode ser POLI, MONO ou DUAL, pois ele permite que existam crenças, concepções filosóficas, formas de organização social etc., assentadas nas mais diversas formas de se pensar a realidade social e individual, pois ela é, ou se diz, libertária"
É verdade que o anarquismo permite uma diversidade herculea. Assim também a idéia de politeismo que eu coloquei em jogo! Mas, veja bem! Não é qualquer diversidade! Imagine o nazismo: é incompatível com o anarquismo pois tende a dominação, a exploração, ao Estado, ao massacre, enfim... é evidente a contradição das forças...
Então, se não trata de propor um sistema única de pensamento, por outro lado, trata-se sim de relações de poder, onde precisamos acreditar em nossas ficções e ir para o campo de batalha. Enfrentar! Lutar! Afinal, abaixo a psicopatia!
Tendo a concordar com o Fernando. Nem tudo precisa ser transformado num bicho-papão. Não dá pra ficar se isentando o tempo todo. Reconhecer a diversidade é necessário, mas temos que tomar cuidado para isso não se tornar um pretexto de fugir da batalha das "ficções". Fiz me entender?
Muitos comentários... sinceramente não tive paciência para ler tudo, até por que, com todo o respeito, o anarquismo epistemológico do Fábio ou seja lá o que for que ele defende não me convence muito, se eu entendesse(ou se me esforçasse para tal) metade do que ele diz já estaria satisfeito.
Gosto dessa diversidade(como gostei do meu carnaval de 1999), mas tenho de comentar alguma coisa do que foi dito...
Não posso afirmar que um ato de camaradagem no rio de janeiro, seja igual uma ocupação de fábrica na Itália, não desprezando o ato de camaradagem, mas para determinadas ações requerem atuações mais organizadas.
E eu não preciso deixar de ter meus atos de camaradagem(como comer aipim num bar em vila isabel) só por que estou participando de uma organização ou um ato de organização mais complexo.
Mas são coisas diferentes. Odeio separar a militância da vida cotidiana, primeiro por que parece que estamos tratando as duas esferas como coisas separadas e segundo por que parece que estamos hierarquizando(e culpamos os que não "militam") as coisas(o existencialismo é um cristianismo sem jesus).
Mas transformar um ato trivial num ato de organização(ou ativismo) é demais pra mim(é por isso que eu não gosto muito do Hakim Bey e nem da coleção Baderna pelos preços demasiadamente salgados).
Atos individuais são atos individuais. Atos coletivos organizados são outra coisa...
Cada ato é um ato de mudança, isto é um fato. Mas aí vem a parte das estruturas e de onde é o terreno mais fértil para estar se organizando(que pra mim é o movimento social e não sociabilidade, mas sem-tetos, sem-terra, sindicatos, mov. estudantil, mov. e associações de bairro, cooperativas, e milhões de etc).
Ignorar isso é ignorar o mais básico de quaisquer socialismo(organizai-vos e multiplicai-vos como gafanhotos)
Aliás, para não perder a provocação sr. guerra continua tão metafísico como antes. rs
Quanto a diversidade, é claro que isto é importantíssimo, como muito bem exposto pelo frei nando(tirando sua paranóia de outras ocasiões), assino embaixo(o problema é que frei nando auto-intitulou-se o pretoriano defensor da diversidade e da luta contra o sectarismo e para isso luta com unhas e dentes para proteger sua vaca sagrada - o eu de stirner, o self de jung!)!
hahaha...
abraços e até o colapso.
(adorei esta frase de efeito)
No geral eu gostei. O texto está excelente!
Certamente que são coisas diferentes... Minha intenção não é transformar atos triviais em "ativismo" e inflacionar o conceito como você acusa implicitamente (como se precisássemos da benção dos ativistas...). Tem mais a ver com uma crítica implosiva do conceito, ou mais simplismente do reconhecimento de que não existem "especialistas" da revolução, mas que que por baixo do aparente todas as pessoas estão envolvidas em algum tipo de transformação e resistência_ ou... como dizem os zapatistas, trata-se de "gente común, es decir, rebeldes"! Não reconhecê-lo é não só reforçar o pensamento identitário (identificar as pessoas diretamente ao seu papel no sistema) como insultar a inteligência e a vontade de viver daqueles que compartilham conosco a posição de subordinados.
Mas não se assuste, Sr. Durden. Eu sei que há uma diferença entre um ato inserido na sociabilidade e um ato inserido numa organização. Sei que um ato organizado é muito mais adequado quando estamos lidando com a estrutura. Ocorre que esta estrutura não está "lá fora", mas está também aqui dentro e ao nosso redor, cristalizado em nossas práticas cotidianas, embora por outro lado só seja possível "sair" desta estrutura coletivamente, criando outras formas de relação social, e é aí que entra o papel da organização.
Todavia, um ato individual nunca é um ato individual. Por isso falar do movimento anticapitalista como um "fluxo" não é nada metafísico. Trata-se do fluxo social, dos efeitos sobre a sociabilidade que nossos atos, organizados ou não, podem gerar. A mesma coisa dizem os zapatistas quando falam que a melhor forma de solidariedade é que levemos à cabo nossas próprias lutas.
Ainda assim, não precisamos "culpar" os/as que não militam... ou mesmo cobrar "produtividade" daqueles que, ao invés de militar, vagueiam pelos bares. A atividade militante, antes de tudo, deve ser consciente, responsável e (que me perdoem os seguidores de Bakunin!) prazeirosa. Saudações.
"Não se assuste sr. durden"
Isso me cheira a plágio a la Makhno.
ou... "Não se assuste sr. Marx".
hahaha... Alexandre a la estilo século XIX! Vai garoto!
Mas Mr.Durden, eu não defendo nem o "EU" de Stirner, nem sequer o Selbst de Jung. O primeiro nunca defendi. O segundo já me aproximo, mas acho um erro dos junguianos pensar no Self como resultado de um longo processo de individuação, onde se teria quase uma estrada teleológicamente correta a seguir: integrar a sombra, depois integrar a anima/animus, então sim poderia se cogitar no Selbst. Não penso assim..
...por isso me interessam o demonio de Sócrates (o daimon) que nada tem haver com os demonios cristãos. O daimon é algo similar ao Selbst junguiano, entretanto, não tem nada haver com essa "ritualização" meia maçonica, rosacruciana, ou mesmo thelemita.. O daimon não está num não-lugar distante, mas no cotidiano, muitas vezes escondido nas patologias, na patologização: encontramos nossa singularidade, nosso daimon, muitas vezes, em nossas estranhezas, em suma, em nossa excentricidade.
A sociedade estatal procura sempre homogeneizar tudo, assassinar a alma do mundo. Seja sob a sombra da "esquerda" (aquela comédia de Moscow) seja nos capitalismos. Não vou repetir mais uma vez a frase do Joyce.. =P
Bom, vamos deixar algumas coisas básicas claras:
Não pensem que imanência = objetividade e trascedência = subjetividade. Tanto a idéia de imanência (monista, panteísta) como a de transcedência (dualista, teísta) são idéias IGUALMENTE metafísicas. Igualmente, uma não é racional e outra irracional.
Metafísica não é igual a transcedentalismo. A metafísica é a parte da filosofia que aborda questões que fogem do plano da mera natureza sensível - afeita, assim, ao empirismo em prol do racionalismo.
A metafísica é coerente, não por que empírica, mas por que freqüentemente dedutiva, lógica e racional. Ela não é irracional como alguns tentam a pintar, por mais que falha, freqüentemente, em descrecer a realidade - assim como a lógica (analítica e/ou sintética) também.
A realidade sensível, empírica, não nos dá provas suficientes de que todas as coisas sejam ligadas por um princípio unificador ou, também, de que estejam separadas umas das outras como os átomos (que se batem uns nos outros como coisas).
Tanto a idéia de que a realidade seja imanente como a de que todas as coisas sejam transcendentes umas das outras, é pura expeculação racional que pode encontrar validade CIRCUNSTANCIAL, mas que não consegue explicar a totalidade das relações existentes (obs: no meu entender a realidade é absurda, não caótica, absurda).
Podemos, dependendo das circustâncias, crer e sentir (sensivelmente) que as coisas estão ligadas umas as outras por um princípio comum que, em algum plano, as unifiquem. Porém, em outras, que são qualitativamente diversas, por isso não podendo serem explicadas a partir de um único e tão somente princípio ou sistema que as subjaz - subjaz como "espírito" ou como "ligações meramente físico e bioquímicas" (materialismo).
Tanto o Teísmo(1), como o aTeísmo(2), o panTeísmo(3), o monoTeísmo(4) e o poliTeísmo(5), são sistemas filo-teológicos que partem de uma perspectiva gnóstica, ou seja, de que É possível conhecer (no caso, que seja possível conhecer e provar a existência(1) ou a inexistência de Deus(2), se ele é indissociável ou não de sua criação(3), se é um(4) ou muitos(5).
Para aqueles que acham que NÃO É possível conhecer, resta então os sistemas que partem do agnosticismo: positivo, para quem Deus existe, mais é impossível conhecê-lo (deísmo), ou negativo, para quem a questão é irrelevante, já que não se pode saber mesmo.
Vejam bem, ateus e agnosticos são QUALITATIVAMENTE diversos, pois partem de princípios diversos: para os primeiros a gnose (é possível o conhecimento da realidade). Para os segundos a agnose (não é possível conhecer a realidade).
Agnosticos freqüentemente são empiristas, ou seja, indivíduos para quem todo o conhecimento humano deriva, direta ou indiretamente, da experiência sensível (geralmente indutivistas, ao contrário do racionalismo, dedutivista).
Sendo assim, e depois de toda essa exposição, não consiguo vislumbrar o anarquismo como uma ideologia necessariamente deista ou teista, gnostica ou atéia, monista ou transcedentalista, monolista ou pluralista etc., pois todos estes sistemas de idéias, que usamos, assim como na filosofia e na religião, como ferramentas para se pensar a realidade, a sí como ser singular e na organização social, são sistemas que surgem de consciências livres, não sujeitas a quaisquer um destas formas, sistemas e abstrações.
A existência não se reduz a estes esquemas formais.
continuando..
Qual é o problma do empirismo? Ora, a próprio raciocínio de que todo conhecimento só seja possível pela experiência sensível (e não pela abstração metafísica) é, ela mesma, um sistema de idéias. Não tem como deixarmos de usar a idéia e a razão para seguirmos a experiência. É por isso que os positivitsas lógicos não deixaram de ser metafísicos fundamentalistas.
Quanto ao pluralismo: os entes diversos, no sistema pluralista (politeista na teologia), tem qualquer algo de absoluto ignorado, retirando uma razão interna de suas próprias possibilidades.
Ou seja, tudo o que cada um de nós somos como seres singulares, não pode ser fruto de algo que só se dê em nós com aquilo que é comum a todos. Sendo assim, nos reduzimos as relações mesmas com as demais coisas existentes, e não com elas e mais qualquer coisa de realmente único a cada um de nós.
O homem não é fruto de elementos para cada um únicos ou para todos igual (porém dispostos acidentalmente, daí as diferenças e singularidades). O homem, no meu entender, é fruto do comum e do singular, do relativo e do absoluto.
E ai vai..
Bom, para quem não consegue entender o meu anarquismo epistemológico, é isso: pensar as mais diversas coisas, adotá-las religiosamente se assim desejar, estudá-las etc., sem quaisquer interferências. Sem reduzir a realidade a paradigmas, a estruturas formais, a lógica historicista, positivista, fenomenológica.
Se eu quiser acreditar que existe uma verdade universal, terei liberdade para isso. Se acrediatr que para cada um a verdade é unica, que ela é a soma de todas as verdades, ou de algumas e não de outras, terei liberdade para isso.
Se eu quiser acreditar no Deus mulçumano ou cristão, e falar que as dividandes hinduístas são falsas, terei liberdade para isso, desde que não obrigue ninguém a adotar as minhas próprias perspectivas, desde que não impeça ninguém de fazer o mesmo, de ter a oportunidade de estudar as mais diversas formas de se pensar a realidade etc.
Eu não ia adentrar a fundo essas questões epistemológicas, mas vamos lá. É verdade que imanência não é igual a objetividade nem transcendência a subjetividade. Isso não significa que ambas sejam metafísicas. Metafísico é quando procuro falar do que é “Em-si”, ou seja, do Númeno de Kant. Podemos considerar, como você falou, o que foge da natureza sensível como metafísica, entretanto, com certas ressalvas: só podemos considerar isso, se levarmos em conta as quatro funções: intuição, sensação (percepção inclusa), pensamento e sentimento (entenda-se valoração, possibilidade de catexia energética) e também os dois tipos de atitude do sujeito cognoscente: introversão ou extroversão.
Esse esquema é meramente formal e pragmático, não busca falar de uma realidade em si, é até bastante fenomenológico. Logo, temos que tomar cuidado para não entender a metafísica falando mais para (em prol) o empirismo do que para o racionalismo. Não é bem assim. O esquema não metafísico pode sustentar o phainomenon (aquilo que se mostra) e o que se mostra não é nem só a realidade concreta, externa, nem apenas a realidade interna. A lógica pode ser bastante funcional enquanto fenômeno, bastante presentificada, por conseguinte, não tem sentido falar que ela é, em si, metafísica. O que torna a lógica, o dedutivismo, metafísicos, é antes a maneira de interpretá-los. Uma maneira literalizante. O velho princípio atrópico e identidário contribui com isso.
A metafísica não é coerente, porque sempre pressupõe um ato de fé e muitas vezes foge a graus absurdos do que se mostra. Um exemplo é Stirner.
Você fez um esquema:
“Tanto o Teísmo(1), como o aTeísmo(2), o panTeísmo(3), o monoTeísmo(4) e o poliTeísmo(5), são sistemas filo-teológicos que partem de uma perspectiva gnóstica, ou seja, de que É possível conhecer (no caso, que seja possível conhecer e provar a existência(1) ou a inexistência de Deus(2), se ele é indissociável ou não de sua criação(3), se é um(4) ou muitos(5)”.
Mas seu esquema está bastante equivocado. Certo que esse é um esquema clássico, mas não se trata disso o “Politeísmo” que eu propus. Primeiramente porque monoteísmo, p.ex., pode ser bastante diferente de gnose. O conhecimento através da gnose é um conhecimento através da experiência, de um tipo específico de experiência, baseado na diferença qualitativa da verdade: a verdade do mundo manifesto criado por Demiurgo em direção a realidade pleromática, divina, de onde se deu a queda de Sophia. Isso não se dá pela fé, mas pelo esforço do gnóstico através de várias práticas. Por outro lado, o esquema judaico-cristão acredita na fé: a fé leva a Deus ou D-us, ou então, as sagradas escrituras, que dizem o que é ou não verdadeiro, justo, ou mesmo Real. É preciso acreditar obstinadamente e a perda de fé é o diabo.
Eu disse que você não entendeu, mas talvez isso se dê porque você não saiba de onde eu parti. Parto de uma perspectiva junguiana, então, ao falar que algo é religioso (de re-ligare) pressuponho um fundamento arquetípico por “trás” do fenômeno. Posso dar alguns exemplos para tentar clarificar: a idéia de causalidade de Descartes e seu fundamento cristão, as idéias anarquistas, comunistas, com todos seus mitos (no sentido que o dá Joseph Campbell, Junito Brandão, etc.), pois tenderiam, pela lógica junguiana, nos conduzir a uma imago final (concepção teleológica de Jung) que seria uma imago Dei, uma imagem de Deus, que é um símbolo do Selbst (si-mesmo). Então, quando parto de uma perspectiva politeísta abandono a idéia teleológica, considerando a multiplicidade de deuses num patamar “igual”. Não existe uma meta lá na frente, a imagem que aparece é uma imagem de deus, ao menos, de um deus. É como considerar que Zeus, na mitologia Grega, não é mais o chefão, mas só mais um deus. O fundamento teista está, então, na intensidade da imagem e em seu eco histórico-cultural. E ela revela onde estamos. É uma perspectiva bastante agnóstica, na verdade, pois não diz o que é ou não atrás da imagem, da experiência. Não sei o que é deus, ou deuses, só sei o que é a imagem de deus, a experiência de deus.
Evidentemente, eu não entendo essas imagens literalmente, são simbólicas.
Mais uma questão: você diz:
“Sendo assim, e depois de toda essa exposição, não consiguo vislumbrar o anarquismo como uma ideologia necessariamente deista ou teista, gnostica ou atéia, monista ou transcedentalista, monolista ou pluralista etc., pois todos estes sistemas de idéias, que usamos, assim como na filosofia e na religião, como ferramentas para se pensar a realidade, a sí como ser singular e na organização social, são sistemas que surgem de consciências livres, não sujeitas a quaisquer um destas formas, sistemas e abstrações.”
Certo que o anarquismo não é isso nem aquilo. O anarquismo não é nem mesmo agnóstico! O anarquismo tem alguns fundamentos básicos bastante organizacionais, e algumas negações básicas. É o que Silvio Gallo chamou de princípios geradores. Mas por que diabos estamos discutindo isso? É bem simples, não existe um sujeito, uma consciência, totalmente livre, “não sujeita (...)”. O sujeito não é uma monada, o Einzige de Stirner. Logo, com essa discussão não se trata de falar que o anarquismo DEVE ser isso OU aquilo, nem isso E aquilo, mas de apontar soluções pragmáticas para um sistema político eficiente em determinadas “esferas”. É isso! Posso usar vários referenciais para isso. Diante de tudo que a psicologia estuda, acho que é uma baboseira e anti-funcional considerar o sujeito des-locado de um inconsciente, logo, é importante saber por que saberes, por que poderes, por que intensidades esse sujeito está atravessado. Por isso o politeísmo, até para podermos pensar que o anarquismo pode ser sujeito de uma grande diversidade de idéias, poderes, saberes, daimons, que atravessam um sem número de pessoas, com suas vidas as mais absurdas, caóticas, ordeiras, possíveis.
A experiência não se reduz a nenhum esquema, mas procuramos esquemas que possam facilitar certas ações (fundamentos heurísticos).
Claro que podemos usar as idéias, as intuições, etc. (respondendo a sua formulação).
Você diz: “Ou seja, tudo o que cada um de nós somos como seres singulares, não pode ser fruto de algo que só se dê em nós com aquilo que é comum a todos”.
Mas, me diga, o que é? Você responde: “O homem, no meu entender, é fruto do comum e do singular, do relativo e do absoluto”. Do comum e do singular? Parece-me a mesma idéia exposta acima.
Acredito que o “seu” anarquismo epistemológico, que na verdade é só relativamente seu, se assemelha a minha idéia de politeísmo. Concordo que não se deva OBRIGAR as pessoas a seguirem alguma coisa. MAS, contudo, todavia, é fundamental que a idéia tome partido, agencie condutas, influencie, dispute. Compreendo também a política – como a religião – de um modo bastante amplificado, nas relações. Então, não acho que seja simplesmente “cada um pensa o que quiser, fala o que quiser, faz o que quiser”, mas cada idéia que pronunciamos, escrevemos, vivenciamos é o motor de uma determinada conduta, de um determinado tipo de sociedade, logo, existem idéias que necessariamente degladiarão.
Se a verdade, entre outras coisas, é um efeito do discurso, formulada historicamente, então nada mais justo que façamo-nos ouvir.
Peguemos nossas espadas e escudos.
Frei Nando
Existem formas agnósticas diversas, aliás, existem as mais diversas estruturas religiosas imagináveis.
Espero que não tenha se apegado - e nem pense que eu tenha - a esse breve esquema formal.
Eu só descrevi esse "quadro" para acentuar o paradigma Teísta (e a partir deste, o deista) - e com isso evidenciar todas estruturas que acrescem radicais (prefixos ou sufixos) como PAN(todo), A(negação), MONO(único), POLI(muitos) etc. ao modelo de compreensão teísta.
Procure ver a unidade entre estes sistemas. Daí notará que nem todos se encaixam a esta perspectiva.
Eu não sei, especeficadamente, a palavra que descreve, dentro do agnosticismo, o indivíduo agnóstico que julga ser irrelevante a questão da existência ou não de Deus (talvez nem exista, pois se realmente não é possível conhecer Deus, pois o conhecimento é impossível, não faz sentido negá-lo, afirmar que seja "transcedente" ou "imanente", "um" ou "muitos" etc., pois isso já seria, de alguma forma, descrevê-lo.
Bom, mas como agnóstico posso tornar essa questão relevante ou não para a minha existência.
Para quem não sabe, existem até agnósticos cristãos, para quem não é possível descrever Deus, a não ser, se assim Ele o desejar, por REVELAÇÃO, forma de conhecimento que não pode ser descrita como indutiva ou dedutiva (se é que realmente existem dividandes para que elas revelem qualquer coisa que seja). Os petencostais podem ser descritos tanto como teistas como deistas.
O interessante nesse esquema é acentuar que o panteísmo, por exemplo, parte de estruturas lógicas que lhe tornam representante de formas muitos específicas de se pensar a divindade (forma teista) e a própria realidade (forma gnóstica). Os princípios por trás destes sistemas religiosos (monismo, dualismo, pluralismo) compartilham, todos, da crença que o universo seja regido por um destes princípios, e que a partir deles seja possível conhecer a realidade.
Agora, isso tudo é formalismo, idéias, e estas não podem deixar de serem aquilo que são para se tornarem o próprio processo histórico sem perder aquilo que as tornam idéias e não o próprio processo histórico. E o conteúdo que elas perdem, deixando de ser o que são, é tão relevante para a sua constituição como os atómos são para a matéria.
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É claro que a Metafísica não é coerente. Fui radical, mas se você reler com atenção os meus comentários, eu tanto afirmo sua coerência, no sentido de que não é necessariamente irracional, como afirmo que ela e a lógica "freqüentemente falham em descrecer a realidade".
Ora, isso a torna, em determinadas circustâncias, incoerente.
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Você disse:
"Então, quando parto de uma perspectiva politeísta abandono a idéia teleológica, considerando a multiplicidade de deuses num patamar “igual” ".
Ora! Isso que os relativistas não entendem. Você pode até considerar que todos os deuses são, em algumm "patamar" iguais, mas um cristão ou mulçumano não podem, pois isso seria desconsiderar suas próprias crenças e estruturas epistemológicas, para quem a sua dividande é uma, e não existem outras.
Não se pode ser cristão, ou obrigar um cristão a ser, acreditando que, por exemplo, Buda é igual a Cristo, que tenha o mesmo valor - a não ser que eu funde uma nova corrente do cristianismo, ou mesmo outra religião, ou que altere o que tradicionalmente vem sendo seguido, e passe a afirmar que todos os deuses são igualmente bons ou frutos de uma mesma "essência universal", do qual posso escolher todos, alguns ou apenas um.
Mas não espere que com isso os demais cristãos o reconheçam como cristão.
O relativismo já é, ele mesmo, interventor. Não tem como adotar uma perspectiva religiosa e ser relativista ao mesmo tempo sem negar, em maior ou menor grau, sua próprias caracteríticas singularizadoras. O relativismo tende a criar uma crença biônica.
Veja bem, relativismo é também um "ismo", ele também é excludente e tenta se preservar. Também tem uma LÓGICA. Só que aqui há uma falsa idéia de liberdade, mas o que não se nota é que todas as religiões, sobre o sistema relativista, já estão sendo corroídas internamente, pois não podem pensar mais suas divindades como absolutas, mas só como relativas. Isso já é uma tremenda alteração epistemológica.
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A questão do sujeito:
Tanto a idéia de sujeito como a idéia de que o sujeito seja uma construção histórica são, afinal, "históricas". O homem concreto, em sua existência e em suas mais diversas relações é, independente de como tenha sido temporalmente pensando, real. E com isso não quero dar crédito ao historicismo (outro ordenamento racional que parte do fundamento da existência de forças históricas impessoais que moldam e organizam a totalidade das relações existentes, e a partir do qual tudo e todos podem ser classificados como conservadores X progressistas (no modelo gradualista) ou reacionários X revolucionários (no modelo rupturalista).
Os homens nunca deixaram de serem seres singulares, independentemente de viverem sobre estrututas intelectuais e temporais que afirmem sua "indivisão", que seja ele mero "fruto das relações sociais" ou que a idéia mesma de homem, sujeito ou indivíduo sejam "históricas".
A verdade não é histórica. A estrutura do real, ou o conjunto de relações que a definem, em sua totalidade, não se adaptam necessariamente (por mais que sofram de constantes interferências) ao que momentaneamente se pense ou ao que momentaneamente se fala dela, como se a realidade se reduzisse e fosse mera extrapolação da consciência temporal individual ou coletiva.
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Na minha passagem citada por você, você aponta: "Ou seja, tudo o que cada um de nós somos como seres singulares, não pode ser fruto de algo que só se dê em nós com aquilo que é comum a todos.
Mas, me diga, o que é? Você responde: 'O homem, no meu entender, é fruto do comum e do singular, do relativo e do absoluto'. Do comum e do singular? Parece-me a mesma idéia exposta acima."
Olhe a primeira parte, tem "não pode" e "COM". Na segunda tem "E".
A primeira perspectiva retira qualquer algo de absoluto como constituidor daquilo que o homem é, o reduzindo as relações mesmas com as demais coisas existentes, diluindo-o num caldo onde toda singularidade é acidental, histórica e/ou necessária.
Na segunda, a que eu pessoalmente defendo, o homem é a própria síntese entre o comum e o singular, entre o absoluto e o relativo.
Como cada um de nós, acredito, é fruto de algo único com algo comum a todos aqueles que, num nível, constituem o gênero humano, e em outro nível, compartilham das mesmas circustâncias sócio-históricas, não se pode reduzir o homem as relações mesmas com as demais coisas existentes, ou apartá-lo uns aos outros numa espécie de atomismo sociológico.
O relativismo é o sistema que reduz os homens as relações, retirando-o uma razão interna de suas próprias possibilidades.
O absolutismo, ao contrário, ignora as relações, ou as interpreta hierarquizando-as para que façam partem de um mesmo sistema de coisas inescapáveis, como se elas não fossem igualmente constituintes daquilo que nós todos somos como seres singulares. Como se as relaçõs pudessem ser interpretadas apenas por um prisma.
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